terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Netbooks: maldição ou benção para a indústria?

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009, 13h59 - TI Inside

Pesquisa divulgada na quarta-feira, 11, pela IDC trouxe alguns números e traçou um panorama até certo ponto surpreendente sobre o mercado de PCs. Primeiro, os dados confirmam a forte desaceleração nas vendas de computadores no quarto trimestre de 2008. Além disso, as vendas de processadores caíram 11% ano sobre ano, enquanto as receitas recuaram 22%. Empresas como a Intel, AMD e NVidia já haviam confirmado o estado lastimável do negócio de PCs, com a queda de dois dígitos nas receitas relatada nas últimas semanas.

Um artigo publicado pelo jornal americano New York Times, que analisa o impacto provocado no mercado com a chegada dos laptops ultracompactos de baixo custo – os chamados netbooks –, mostra que, com exceção do processador Atom, que equipa esses computadores e tem tido boa demanda, as vendas de chips para PCs caíram 22% ano sobre ano.

Segundo a IDC, os netbooks têm se revelado um equipamento popular e com boa taxa de vendas, hoje muito afetadas pela redução da demanda num ambiente de recessão, mas ao mesmo tempo têm pressionado as margens de lucro e roubado vendas de outros segmentos de equipamentos. A consultoria constatou que a maioria das pessoas está comprando netbooks para complementar seus laptops em vez de substituí-los, o que fez com que se tornassem um negócio extra para os fabricantes.

Mas o estudo observa que a baixa margem de lucro proporcionada pelos netbooks tem cobrado uma espécie de "pedágio" dos fornecedores de chip e de software. A Microsoft, que vende o Windows XP com desconto para netbooks, sofreu sua primeira queda na receita do Windows no último trimestre de 2008, devido, em parte, à baixa margem do software destinado a esses sistemas. O Atom também tem retornado um lucro bem menor para a Intel do que os chips normais para laptops.

O entusiasmo do consumidor com os netbooks também se transformou em um problema para a NVidia, que tenta incentivar os usuários a atualizar seus sistemas para o uso de aplicações gráficas, sob o argumento de que não irão encontrar um chip rápido para processar gráficos num netbook. Mas, ao que parece, essa campanha não tem surtido efeito para a empresa. As vendas da NVidia registraram uma queda de 60% no último trimestre de 2008, para US$ 481 milhões, ante US$ 1,2 bilhão obtido no mesmo período do ano anterior.

Mais preocupante ainda para a indústria, segundo o estudo, é que além de quebrar a economia dos PCs, os netbooks têm abalado também a política de software para PCs dos fornecedores. O Linux tem demonstrado ser uma escolha muito popular de sistema operacional em netbooks. Empresas como a HP não tem poupado esforços para customizar o Linux em seus sistemas. O HP 1000 Mini-Mi Edition, por exemplo, realmente funciona em uma versão modificada do Ubuntu, sistema operacional baseado em Linux.

Apesar do “susto” inicial das empresas com o impacto causado pelos netbooks no mercado, a IDC avalia que o interesse crescente do consumidor por esses computadores vai fazer os fabricantes de software e PCs buscarem novas abordagens para esses sistemas, cada um esperando se diferenciar no mercado. Isso deve alterar também o padrão atual de laptops e PCs e beneficiar, em última análise, os consumidores.

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