Limitações da CLT estão entre os principais fatores para a baixa adesão; enquanto especialistas e profissionais vêm ganhos de tempo e produtividade.
Por Andrea Giardino, da Computerworld
08 de dezembro de 2009 - 19h34
O caos que atingiu a cidade de São Paulo nesta terça-feira (08/12), por conta das fortes chuvas, reaqueceu um assunto que há muito se discute, o home office, ou trabalho remoto. Embora se reconheça as vantagens, como ganho de tempo frente às horas perdidas no trânsito ou redução custos com profissionais alocados na empresa, ainda há uma grande resistência das companhias em relação a este modelo.
Uma pesquisa realizada pela fabricante de equipamentos de rede Cisco revela que 53% dos empregadores possuem menos da metade dos funcionários prontos para trabalhar remotamente em caso de pandemia ou desastre natural. Das 500 companhias ouvidas no exterior, representando diversos setores, apenas 13% das empresas disseram ter 76% dos trabalhadores prontos para trabalhar em casa.
As principais justificativas são limitações orçamentárias e baixa necessidade de atividades desenvolvidas remotamente. Ainda assim, 40% dos entrevistados afirmaram que o home office entrou nas prioridades das empresas nos últimos 12 meses. Um contrasenso, já que apenas 36% possui redes privadas - SSL ou IPsec VPN - para funcionários.
Entre as organizações que suportam trabalho remoto, 63% dão laptops para os empregados e 46% oferecem smartphones. Para a gerente geral da consultoria de recolocação e transição de carreira, Elaine Saad, um dos maiores entraves é a questão trabalhista.
“A CLT no Brasil não foi desenhada para esse modelo e nem acompanha a evolução do mercado”, diz. Ou seja, a empresa pode ter problemas com o horário de entrada e saída do funcionário. “É difícil fazer esse controle a distância e se o empregado entra na Justiça pedindo hora extra a companhia terá problemas”, observa Elaine.
Outro ponto para o qual a especialista chama a atenção é saber dividir as atividades da casa com as do trabalho. Na opinião de Elaine, muita gente acaba preferindo sair de casa para trabalhar porque não consegue ter foco e perde o foco de atenção na rotina do lar. Por outro lado, acredita que se houver uma imposição de limites, o home office acaba sendo uma alternativa viável tanto para empregadores quanto para empregados.
A experiência de quem aderiu ao home office
Que o diga a diretora de marketing corporativo da HP Brasil, Regina Macedo. Acostumada a estar remota sempre que precisa, optou por ficar em casa esta manhã. Como era o rodízio de seu carro e tinha alguns compromissos de negócios fora do escritório, contabiliza os ganhos de não ter se deslocado para o escritório.
“Gastaria, no mínimo, umas três horas”, diz. Além do desgaste natural com as horas perdidas dentro do carro no trânsito, Regina explica que acabou resolvendo problemas que certamente teriam sido adiados.
Assim como ela, outros profissionais da HP de áreas globais sempre recorrem ao home office. Como precisam estar plugados fora do horário de trabalho convencional, participando de reuniões virtuais ou conference calls, já o fazem de casa. “Essa flexibilidade nos torna mais produtivos e felizes”, afirma Regina. Quando precisam, encontram estações móveis no local de trabalho e podem usar salas de reunião sempre que necessário.
A Cisco é outra empresa que adotou o trabalho remoto, como parte de uma política mundial da empresa. Todos os funcionários têm liberdade para trabalhar remoto ou em clientes. No escritório, inclusive, não há mesas definidas para um ou outro funcionário. Quem chega se instala em qualquer terminal, conecta seu notebook e acessa as informações que precisa. Da mesma forma acontece com os telefones. Basta configurar o aparelho com seu ramal e pronto.
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